PARASHÁ SHEMINI
A Parashá Shemini, que significa “o oitavo” em hebraico, é a oitava porção semanal da Torah lida durante o ciclo anual judaico. Ela é encontrada no livro de Vaykrá. Essa parashá marca um momento crucial na história do povo de Israel: a inauguração do Mishcan, o santuário móvel que Deus havia instruído Moshe a construir.
O Grande Dia da Inauguração:
A porção começa descrevendo o oitavo dia após os sete dias de consagração do Tabernáculo e dos Cohanim, Acharon e seus filhos. Moshe instrui Acharon a oferecer sacrifícios em nome do povo e por si mesmo, marcando o início oficial do serviço sacerdotal. A atmosfera é de grande expectativa e alegria, pois a presença divina (a Shekinah) se manifesta de forma visível ao povo, com fogo saindo do céu e consumindo as ofertas no altar. Esse evento demonstra a aceitação dos sacrifícios e a santidade do Tabernáculo como o lugar de encontro entre D’us e seu povo.
A Tragédia Inesperada:
No entanto, essa celebração é abruptamente interrompida por um evento trágico. Nadabe e Abiú, dois dos filhos de Acharon, oferecem “fogo estranho” perante o Criador, “que Ele não lhes havia ordenado”. Por essa transgressão, um fogo emanou da presença divina e os consumiu, causando grande choque e luto.
Lições e Reflexões:
A Parashá Shemini nos oferece diversas lições importantes:
- A importância da obediência e da reverência no serviço divino: O incidente com Nadabe e Abiú serve como um alerta solene sobre a necessidade de seguir estritamente as instruções divinas e de abordar o serviço a D’us com o devido respeito e seriedade. Não se trata de improvisar ou seguir impulsos próprios, mas de cumprir o que foi ordenado.
- A santidade do espaço e do serviço: O Mishcan era um local sagrado, e o serviço ali realizado exigia pureza e consagração. A parashá enfatiza a distinção entre o sagrado e o profano, o próprio e o impróprio.
- A responsabilidade da liderança: Acharon, como Cohen Gadol e seus filhos tinham uma grande responsabilidade perante D’us e o povo. Suas ações tinham um impacto significativo na comunidade.
- A natureza da proximidade com o divino: A proximidade com o sagrado exige um alto nível de cuidado e atenção. Qualquer desvio das normas estabelecidas pode ter consequências sérias.
- O luto e a continuidade da vida: Apesar da tragédia, Moshe instrui Acharon e seus filhos restantes a continuarem seu serviço, mostrando que a vida e a fé devem seguir em frente mesmo diante da dor.
Conexões e Significado:
A Parashá Shemini nos convida a refletir sobre a maneira como nos aproximamos de D’us e sobre a importância de seguir Seus mandamentos com precisão e reverência. Ela nos lembra que a santidade não é algo trivial e exige de nós um comportamento adequado e uma atitude de respeito. Mesmo em momentos de alegria e celebração, devemos permanecer conscientes da seriedade do serviço divino.
NÃO DEVEMOS BRINCAR COM COISA SÉRIA!
No silêncio solene do recém-santificado Tabernáculo, onde a Presença Divina havia acabado de se manifestar em glória flamejante, um ato de profanação ecoou como um trovão em céu azul. Nadabe e Abiú, filhos de Acharon, homens investidos de linhagem sacerdotal, ousaram apresentar perante o Eterno um “fogo estranho”, uma oferenda que não fora ordenada, um capricho de suas próprias vontades em um momento que exigia reverência e estrita obediência.
Seu erro não residiu meramente na transgressão de um protocolo litúrgico; ele tocou a própria essência da santidade. Ao desviarem-se do caminho prescrito, ao introduzirem sua própria interpretação no serviço divino, eles desafiaram a autoridade da Palavra revelada, obscurecendo a distinção vital entre o sagrado e o profano. Em sua presunção, confundiram o fervor pessoal com a consagração ordenada, a espontaneidade humana com a precisão exigida pela proximidade do Divino.
A consequência foi imediata e fulminante. O mesmo fogo que havia consumido as oferendas aceitas, manifestação da aprovação celestial, irrompeu com fúria contra aqueles que profanaram o santuário com sua desobediência. Nadabe e Abiú foram silenciados para sempre, vítimas de sua audácia, um lembrete sombrio e inesquecível da seriedade com que o Eterno considera a Sua santidade e a obediência aos Seus mandamentos.
Este trágico episódio na inauguração do Tabernáculo serve como um farol austero através das gerações. Ele nos adverte contra a tentação de moldar o serviço a D’us segundo nossos próprios desejos ou conveniências. A verdadeira devoção reside na humilde submissão à Sua vontade, na meticulosa observância de Suas instruções, reconhecendo que Sua sabedoria transcende a nossa compreensão e que Sua santidade exige respeito incondicional. O erro de Nadabe e Abiú ecoa através do tempo, um chamado solene à reverência, à obediência e à profunda consciência da sacralidade do encontro com o Divino.PARASHÁ SHEMINI
Publicar comentário