A SINAGOGA
SINAGOGA
O Tefilah, o serviço religioso, é composto por um conjunto de leituras, de orações que são proferidas. Segunda, quinta e sábado lê-se uma parasha (porção) da Torá especifica, no final do ano retoma-se as leituras desde o início. Não há pão e vinho numa cerimónia judaica. Pontualmente, e dependendo da sinagoga, costuma haver um sermão dado pelo rabino que interpreta à luz dos nossos dias o que se lê. Em muitas sinagogas ortodoxas é a única parte que é proferida na língua do país. Todas as outras orações são feitas em hebraico, a língua sagrada para os judeus.
- Uma Casa de Oração (Beit Knesset) e uma Casa de Aprendizagem (Beit Midrash) são ambas consideradas um pequeno santuário (Mikdash Me’at) e, portanto, devemos tratá-las com o devido respeito e reverência, mesmo não estando em um momento de tefilá, oração. É preciso ter respeito e reverência por Aquele que mora naquele lugar.
- A santidade de uma Casa de Oração é maior do que a de uma Casa de Aprendizado.
- Quem sai de uma sinagoga não deve sair da sala com as costas voltadas para a arca, se a saída estiver posicionada em um lugar onde se virar para sair faria com que suas costas fiquem em direção à arca. Em vez disso, ele deve caminhar com o rosto ainda em direção à arca.2
- Não se deve correr em uma sinagoga. As crianças, em particular, devem ser ensinadas sobre a santidade de uma sinagoga.
- Não se deve gritar na sinagoga, mesmo que seja para chamar a atenção de alguém. Em vez disso, ele deve caminhar até a pessoa com quem deseja falar.
- Não é permitido estar em uma sinagoga sem cobrir a cabeça.
- Os telefones celulares não têm lugar em uma sinagoga por vários motivos. Em primeiro lugar, é perturbador para aqueles que estão rezando, tirando sua concentraçnao durante a teflá. Em segundo lugar, a maioria dos assuntos discutidos ao telefone são conversas inapropriadas em uma sinagoga. No entanto, aqueles que estão envolvidos com trabalho de emergência (como médicos e membros da Hatszala) têm permissão para usar seus celulares. No entanto, é aconselhável usar fones de ouvido na sinagoga ou manter o volume baixo para não atrapalhar quem está rezando.
- A pessoa não pode deve fazer piadas, ou brincar, e deve evitar falar sobre assuntos triviais enquanto estiver na sinagoga. Entende-se que conversas proibidas, como conversas maldosas e fofocas não têm absolutamente lugar em uma sinagoga.
- Deve-se evitar ler jornais na sinagoga.
- Não é permitido comer na sinagoga. As opiniões variam se a mesma regra se aplica também a um lanche.
- Não é permitido dormir na sinagoga. No entanto, em relação a dormir em uma Casa de Aprendizagem, as opiniões variam se alguém pode dormir ou apenas uma soneca é permitida, etc. Aqueles que passam o tempo todo aprendendo na sala de estudos têm permissão para dormir lá.
- Não é permitido entrar na sinagoga por motivos pessoais, como ligar para um amigo. Se alguém precisa entrar por motivos pessoais, ele deve primeiro aprender um pouco da Torá ou recitar alguns Salmos, etc. e então fazer o que precisa. Se alguém não sabe como aprender, deve pedir a outra pessoa que lhe ensine algo, como um passuk da Torá. Se nenhuma das seguintes soluções for possível, ele deve primeiro sentar-se por alguns momentos, visto que sentar-se em uma sinagoga também é uma mitsvá.
- Se o motivo para ir à sinagoga for devolver ou levar um livro, não é necessário que ele faça nenhum dos procedimentos acima. 3
- Não é permitido usar a sinagoga como um atalho, por ex. se a sinagoga tiver duas entradas em lados diferentes da rua e ao entrar por uma porta e sair pela outra, ele economizará tempo ou passos.
- Se estiver chovendo ou fazendo calor lá fora, não é permitido entrar na sinagoga para se proteger da chuva ou para usar o ar condicionado. (Shulchan Aruch 151: 1) As opiniões variam se, nesta situação, recitar versículos ou aprender Torá, etc. permitirá que ele se proteja do clima de fora.
- Não é permitido beijar os filhos, mesmo os pequenos, na sinagoga, pois é impróprio mostrar atos de afeto na sinagoga a qualquer pessoa que não seja D’us. 4 No entanto, uma criança que está chorando e precisa ser acalmada com um beijo, pode ser feito.5
- É permitido beijar a mão de um erudito da Torá (como é o costume sefardita), pois isso também é a honra de D’us. Da mesma forma, é permitido beijar as mãos do pai ou do Rabino quando eles descem de sua aliá.6
- Não se deve fazer contabilidade, cálculos ou qualquer forma de escrituração na sinagoga, a menos que se trate de assuntos de tsedacá/caridade ou outros mandamentos.
- Aqueles que não se preocupam em fazer uma Chupá (canópia de casamento) sob as estrelas, devem evitar fazer a Chupá dentro da sinagoga.
- As instalações da sinagoga devem estar sempre limpas. O lixo não deve ser deixado por aí. Não se deve entrar na sinagoga com barro, água ou neve nos calçados e, assim, sujar o chão, etc. A lama deve ser removida de seus sapatos antes de entrar na sinagoga.
Os Objetos Rituais
Uma sinagoga, seja grande ou pequena, elaborada ou simples, deve conter os seguintes itens básicos:
Arca Sagrada (Aron HaCodesh ) um armário, ou um recesso na parece no qual são guardados os Rolos de Torá (Sifrei Torá). A cortina cobrindo o Aron HaCodesh é chamada de paroquet. O Aron HaCodesh é colocado em uma parede de forma que a congregação ao rezar a amidá, por exemplo, deve posicionar seu corpo em direção à parede onde encontra-se o Aron HaCodesh, ou seja, em direção à Jerusalém.
Luz Eterna (ner tamid) uma lâmpada colocada acima e em frente da Arca Sagrada. É deixada sempre acesa. É simbólica da diretiva bíblica de “fazer uma lâmpada arder continuamente no tabernáculo do lado de fora da paroquet que está perante (a Arca do) testemunho…” (Shemot 27:20-21).
Bimá é a plataforma, tradicionalmente separada da Arca, sobre a qual há uma mesa (shulchan). Nesta mesa, a Torá é lida para a congregação e o Ledor ou cantor lidera a congregação nos serviços. Nas sinagogas ashkenazitas, há uma plataforma adicional, amud, entre a bimá e o Aron HaCodesh, num nível mais baixo, em deferência ao versículo: “Das profundezas clamo a Ti, ó Senhor” (Tehilim 130:1) e de onde alguns serviços são conduzidos.
Embora não seja essencial, geralmente há um candelabro (menorá) reminiscente da menorá de sete braços do Templo, geralmente colocada em local proeminente perto do Aron HaCodesh ou da bimá. (Para não duplicar aquela usada no Templo, é usada uma menorá de seis ou oito braços).
Além desses itens, as sinagogas podem conter vitrais coloridos com temática bíblica, inscrições na parede, pinturas, relevos, etc., podem expressar muitos temas religiosos, e refletir uma vasta gama de símbolos e objetos rituais, ou ainda eventos históricos na vida do povo judeu desde seu início. A restrição mais importante a este tipo de arte é que figuras humanas não são permitidas na sinagoga.
Uma seção para mulheres (ezrat nashim) é um aspecto antigo e representativo na sinagoga ortodoxa e tradicional. Segue o padrão estabelecido no Templo Sagrado de Jerusalém, que possuía um ezrat nashim, o que promove uma maior concentração no momento das preces. Às vezes o ezrat nashim tinha o formato de balcão; em outras, uma seção claramente dividida na lateral ou no fundo da seção masculina, no mesmo nível ou então um pouquinho mais alto. A opinião rabínica difere apenas a respeito da altura adequada dessa divisória (mechitsá).
O Rabino
O rabino (ou rav, como é chamado em hebraico) é o líder religioso da comunidade. Seu diploma rabínico chama-se smichá. Seu rigoroso treinamento e conhecimento profundo de Torá, Talmud e dos Códigos de Lei, além de sua fé e devoção pessoais, são a base da autoridade que uma comunidade tradicional reconhece e aceita.
O rabino não deve apenas ensinar a Torá e o modo de vida judaico através daquilo que diz, mas principalmente através de seu exemplo. Não deve apenas ensinar o Judaísmo e ser líder de instituições, mas refletir pessoalmente os valores e os caminhos do judaísmo genuíno que deseja instilar aos outros.
Tradicionalmente o rabino serve à comunidade, não somente à sinagoga.
Como a Torá confere autoridade ao rabino para analisar, orientar e decidir sobre questões religiosas trazidas perante ele, deve possuir conhecimento para poder exercer com fidelidade os ensinamentos e diretrizes expressas na Torá para as soluções de cada caso. Ele próprio deve ser leal e fiel àquela lei, e estar comprometido com seus princípios.
O Chazan
O cantor (ou chazan, em hebraico) desempenha o papel de emissário da congregação (shaliach tzibur – Mensageiro Público ). É ele que representa e lidera a congregação em prece perante o Todo Poderoso.
Dependendo das necessidades da congregação, há deveres e responsabilidades em outras áreas de trabalho da sinagoga e da educação religiosa que ele poderá ser chamado a suprir, caso possua as qualificações. Nos serviços diários, porém, e nas ocasiões onde o cantor esteja ausente, um devoto qualificado na congregação deve ser convocado para servir como sheliach tzibur.
Nas congregações menores onde não há um chazan contratado, os membros qualificados da congregação são chamados para conduzir os serviços. No Judaísmo, qualquer leigo que possua educação religiosa e mérito (e qualquer judeu deveria) tem o privilégio de conduzir todas as partes do serviço religioso.
A lei judaica relaciona as qualificaçes esperadas para assumir este cargo:
- Deve ser uma pessoa adequada que não tenha sofrido qualquer dano à reputação por transgressões religiosas ou morais. Quem é notório por cometer transgressões morais ou religiosas está desqualificado e não deve ser escolhido.
- Deve ser pessoa recatada e de personalidade aceitável para a congregação. Afinal, ele os representa perante Hashem, e eles devem concordar com essa representação.
- É necessário que tenha uma voz agradável aos ouvidos. Isso não somente torna a prece mais aprazível para os devotos, como é considerada uma grande expressão de honra ao Criador. Quando uma pessoa inadequada ou não merecedora tem permissão de agir como sheliach devido apenas à sua voz agradável, suas preces são consideradas, segundo nossa tradição religiosa, como inaceitáveis ao Eterno, Bendito seja. Isso é, na verdade, uma abominação. “Aqueles que o fazem, retiram ouro de Israel” (Mishnê Berurah: 12 em Orach Hayim 53:4).
- O cantor deve entender aquilo que está recitando. Deve conhecer o significado das preces em hebraico, e possuir a fé para recitá-las com sinceridade.
- Não pode ser uma pessoa tola ou desinteressante, mas alguém que possa discutir e participar de forma inteligente nos assuntos da comunidade.
- Deve conhecer bem as várias melodias e cânticos apropriados para os diferentes serviços. No passado, a pessoa conseguia este treinamento entrando como aprendiz de um chazan experiente. A voz e o treino musical são também valiosos para o chazan e ampliam sua qualificação profissional.
Caso não se consiga encontrar alguém com essas qualificações, deve ser escolhido aquele com mais sabedoria e com boas ações a seu favor. Se a escolha for entre uma pessoa mais madura, sem instrução e com voz agradável, e um rapaz de trinta que entende o que está dizendo, mas cuja voz não é agradável, a escolha do jovem deve prevalecer.
Alguém não deve ser eleito como um sheliach tzibur permanente, a menos que tenha atingido um nível de maturidade equivalente aos vinte anos de idade. A maturidade é considerada como uma qualidade para cumprir este papel, mas a congregação deve abrir mão disso se ele parece adequado para o cargo. Se for apenas por uma ocasião, qualquer rapaz acima de treze anos pode oficiar.
Um chazan que prolongue indevidamente o serviço não está agindo de forma correta, pois este é um fardo excessivo sobre a congregação.
O zelador (shamash)
É um funcionário religioso com muitos deveres em uma sinagoga. Geralmente está encarregado de supervisionar os serviços diários, cuidar e manter os objetos rituais da sinagoga – os livros de orações, etc. Ele trabalha com o rabino e o auxilia de diversas maneiras. Embora não haja exigências religiosas formais para alguém preencher este cargo, e qualquer instrução especial além daquela que um judeu bem educado possui, o shamash deve ser devoto e refletir um profundo nível de educação judaica. Quanto maior for sua educação e seus estudos judaicos, e quanto mais competente na área religiosa, mais valioso será seu serviço e mais variadas as tarefas e responsabilidades que poderão lhe ser designadas.
O Gabai
O termo gabai tem sido tradicionalmente aplicado ao leigo que é líder de uma comunidade religiosa. Atualmente, o presidente e outros oficiais leigos de uma congregação agem naquela função. Eles, auxiliados pela Junta de Diretores e rabino, têm a responsabilidade primária pela manutenção financeira da sinagoga e por conduzirem os assuntos gerais da congregação.
O local mais sagrado do mundo
Quando pensamos em um local perfeito para rezar buscamos algo que se adapta melhor ao nosso perfil, linha e afinidades (seja elas com o rabino, os frequentadores, o vizinho que senta ao nosso lado, nussach, etc).
Mas existe um único local no mundo que dispensa todas nossas preocupações e para onde dirigimos, onde quer que estejamos, nossas preces. De lá emanam todas as bênçãos Divinas, sem cessar um só segundo, onde dividimos nossa dor e também nossas alegrias.
É o local mais sagrado do judaísmo, onde será restaurado o Terceiro Templo de Jerusalém. O Kotel, Muro das Lamentações, atende a todos, estejam presentes ou não, pois seja em frente ao muro, ou concentrado em sua direção em qualquer ponto do planeta, nossas preces se unem e sobem por seu canal de conexão direta.
Que possamos ser merecedores, através de nossos pedidos e principalmente de nossos atos, de viver uma nova era de paz e entendimento entre todos os povos, onde o tempo de trevas se transformará em eterna luz.
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